ÁRVORES

MEU FASCÍNIO PELAS ÁVORES ME LEVOU A PESQUISAR LENDAS, CAUSOS E VERDADES A RESPEITO DELAS. VOU TENTAR COLOCAR AQUI, UM POUCO DESSA MINHA ADMIRAÇÃO, À HUMILDADE, AO SILÊNCIO E A PRESENÇA DAS ÁRVORES EM NOSSAS VIDAS!



sábado, 5 de novembro de 2016

CORPO SECO - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Há pelo menos 16 anos eu recolho lendas, estórias e histórias a respeito de árvores. Minha satisfação é saber que essa pesquisa é difundida através de amigas blogueiras. É o que aconteceu com a história do Corpo Seco, que minha amiga Helen Rox compartilhou em seu blog 'Aleatória é a Mãe'.

Sou de São José dos Campos, interior de São Paulo, e aqui (como em todos os lugares) ouvimos muitos causos, lendas… A que vou contar, chega a dar arrepio até no mais incrédulo.

Diz a história que pessoa ruim, que pratica muita maldade, e tem coração cheio de ódio, quando morre, nem céu ou inferno o querem… diz que até a terra rejeita, e assim o sujeito ruim vira Corpo Seco.

Antigamente, no tempo em que as famílias ricas tomavam conta de boa parte da cidade, havia uma família cujo filho era lindo, charmoso e muito envolvente. O que lhe sobrava em beleza, multiplicava por 100 e vinha em forma de ruindade: maltratava as moças com quem saía, perseguia quem o atrapalhasse, arrumava confusão com todos, há quem diga que até batia na mãe.

Pois bem, aconteceu do tal rapaz iludir mais uma moça, esta engravidou. O pai da moça iludida (responsável por uma das famílias de grande poder na cidade), revoltado com a desonra causada pelo rapaz, exigiu que se casasse com a filha. E é aí que a história começa.

O rapaz se negou, e foi assassinado. Foi enterrado no grandioso jazigo da família, localizado no final do cemitério municipal. Depois do enterro, todas as noites ouviam-se gritos vindos do fundo cemitério, mas ninguém tinha coragem de investigar se eram mesmos gritos, de onde realmente vinham e muito menos de chegar perto de onde o rapaz foi enterrado.

Foi então que o pai do rapaz ofereceu metade de sua riqueza para que alguém fosse averiguar o que tinha na sepultura do filho, e mudá-lo de lugar. A família achou melhor levá-lo a uma fazenda antiga que tinham no bairro mais afastado do centro urbano.

Um corajoso aceitou, e foi fazer o serviço. Chegando lá na sepultura, percebeu uma mão pra fora, e assim que se aproximou para ver melhor, um corpo sequíssimo saiu da cova e grudou em suas costas.

Minha gente, a partir do momento que um corpo-seco gruda em alguém, a situação fica bem tensa: tem de se obedecer tudo que o coisa ruim grudado pede, senão é uma azucrinação só na cabeça.

No momento que o corpo-seco se apossou dele, o corajoso lembrou-se de histórias que a avó contava, e que lhe ensinará como se livrar de um corpo seco. Primeiro passo era encontrar uma árvore. Sem pestanejar, foi (junto o bicho nas costas, claro) até a fazenda da família, e deu de cara com uma alameda linda de mangueiras. Escolheu uma, encostou-se a ela, e rezou “Crendospadre” três vezes. Assim que sentiu o alívio de ter se separado do coisa-ruim, saiu em passos silenciosos, sem olhar para trás, para não correr o risco de ser hipnotizado pela assombração e ter que viver com ele nas costas. Passou pela porteira da fazenda e correu para nunca mais voltar.

Até hoje essa fazenda está abandonada, pois dizem ser mal assombrada. Ela fica no distrito de Eugênio de Melo, em São José dos Campos-SP. Existem visitas monitoradas a mangueira do corpo seco, mas todos os registros em vídeo ou foto são apagados misteriosamente. Algumas pessoas têm fotos da árvore, e por coincidência ou não, elas têm porque foram sozinhas. Talvez o tal corpo seco achasse que seria boa oportunidade de se apropriar de alguém e continuar vagando por aí.

Enfim, para aqueles que ainda não acreditam, minha grande amiga Rita Elisa Seda, fotógrafa, jornalista, escritora e a pessoa que me contou essa história, fez registros da árvore do corpo seco. Dá só uma olhadinha:






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